Quando a meio da época de Casamentos, a Vanessa nos convidou para integrar este projecto, o sim não foi imediato. Estavamos com uma agenda muito complicada, e não se avistavam dias de descanso. Depois de nos explicar a Missão, foi fácil apaixonarmo-nos pelo projecto, e difícil dizer que não. Assim, partimos de Lisboa num Domingo à tarde, e regressamos na madrugada de quinta-feira. Foram praticamente 3 dias. 3 dias (quase) sem dormir, 3 dias debaixo de um calor que mal nos deixava raciocinar, mas 3 dias de muitos afectos e muitas descobertas. Quando chegamos à ilha, a Comitiva de Voluntários já tinha começado os trabalhos, tivemos o prazer de conviver com a equipa que saiu de Portugal, com o objectivo de agilizar operacionalmente este regresso às aulas tão especial. Dar será sempre (tão) melhor que receber. Foram muitos os parceiros que se envolveram, para garantir condições e meios a estes meninos. Na Ilha do Sal, o absentismo escolar tem uma taxa demasiado elevada , que condiciona logo à partida um futuro (mais) promissor àqueles que serão os adultos e Pais de amanhã. A Vanessa idealizou um programa que incentive os alunos a continuarem na escola, combatendo assim por vários meios e mecanismos ,esta realidade tão dura. Computadores, Livros, Roupas, material escolar, pranchas de surf, material de desporto, e até um autocarro escolar (!)... foram alguns dos bens doados por várias Instituições, para assegurar o arranque da Iniciativa. Nunca tinha estado em Cabo Verde. É (muito) fácil apaixonarmo-nos pelas pessoas de sorriso doce e coração bom. Fomos recebidos de braços abertos! Na matemática destes dias, somamos afectos e multiplicamos gargalhadas, em vidas com equações muito diferentes das nossas: há crianças que vão para a escola descalças, sem tomar o pequeno-almoço, sem uma garrafa de água potável, debaixo de temperaturas quentes (mas sempre com um sorriso nos lábios!). Foi a primeira vez que não acompanhei o meu filho no primeiro dia de aulas, que à distância de um telefonema , me contou que tinha brincado, jogado à bola, e aprendido coisas novas. Ao olhar para todas aquelas crianças, não podía deixar de fazer a comparação de ambas as realidades: ali há crianças que nunca tiveram uma bola de futebol. Que não têm lápis e cadernos, mas têm um mundo de sonhos! Crianças da mesma idade, com vidas tão diferentes. Recordo a Eliane que que quer ser estilista de vestidos de noiva, e o Danielson que quer ser piloto e voar pelo mundo fora. Todos eles, cheios de esperança de dias melhores. Não molhei os pés nas águas quentes, nem senti a areia do Sal, o tempo apesar de curto foi intenso e tão gratificante! Perdi-me de amores pelo povo, pela beleza da Ilha, e pelos costumes daquelas gentes, de um Cabo que não devia ser Verde. Ficas-me a dever um mergulho, Cabo-de-cor-cheio-de-amor!
1 Comentário
|
AutorEscreva algo sobre si mesmo. Não precisa ser extravagante, apenas uma visão geral. Histórico
Fevereiro 2019
Categorias |